Em toda a Espanha há cidades que foram perdendo importância ao longo do tempo e hoje são pequenas, mas com um patrimônio histórico e arquitetônico de cair o queixo. Na região da Castilla há alguns exemplos clássicos, como Valladolid ou Segóvia, cidade que visitamos no ano passado. A mais importante delas, sem dúvida alguma, é Toledo, eternizada pela prosa de Cervantes e a pintura de El Greco.
A cidade viveu pelo menos duas épocas de apogeu, primeiro nos séc. XII e XIII, quando foi um dos grandes centros políticos e econômicos do mundo mouro, ao lado de Granada. Depois nos séc. XV e XVI, o ápice da Espanha cristã, quando funcionou como uma espécie de capital informal até que a sede do império foi definitivamente estabelecida em Madri. A distância “atual” entre as duas é de meia hora de trem. Passeio de um dia, obrigatório pra quem está visitando Madri com um pouco mais de tempo.
Logo na chegada já se dá de cara com o rio Tajo (fala-se tarro), que vai terminar no atlântico em Lisboa, como Tejo. Ele faz também a divisa entre a regiões de Castilla la Vieja e a Castilla la na Nueva, ao sul, que justamente corresponde à porção de território tomada dos muçulmanos durante a reconquista. De uns 30 anos para cá funcionam como comunidades autônomas e se chamam Castilla-León e Castilla-La Mancha.
A cidade tem aquelas clássicas ruelas medievais que vão se perdendo em um labirinto. A quantidade de construções históricas, como o Alcázar, a catedral e as dúzias de edifícios públicos e eclesiásticos é impressionante. Tudo em estado de conservação impecável. O único porém é que se tornou turística demais, mas impossível ser de outro jeito.
Toledo também possui duas das três únicas sinagogas que resistiram à expulsão total dos judeus, em 1492. A outra fica em Córdoba, que valeu uma visita em dezembro. Entramos em uma delas, onde também funciona um museu. É impressionante ver como a mistura de influências árabe, sefaradí e cristãs teve impacto nas três culturas.
Faz um calor sufocante nesta época do ano, melhor desculpa para entrar em algum lugar de vez em quando, tomar algo gelado debaixo do ar condicionado e logo seguir em frente. Toledo é o lugar perfeito para se perder por um dia inteiro.